VERSÍCULOS BÍBLICO

Apocalipse

segunda-feira, 15 de julho de 2013

HABACUQUE

''O JUSTO PELA SUA FÉ VIVERÁ''

Entre os famosos Rolos do Mar Morto, descobertos na primeira caverna de Qumram em meados do século passado, encontra - se um manuscrito de Habacuque, contendo os capítulos de 1 a 2 de sua profecia. Os especialistas afirmam que o manuscrito teria sido escrito perto do fim do primeiro século a.C. Isto o torna o manuscrito hebraico mais antigo do livro de Habacuque de que se tem notícia. Mas quem foi exatamente Habacuque? O que podemos saber de concreto sobre ele? Pelo menos quatro coisas.

QUEM FOI HABACUQUE?

Em primeiro lugar, só ele, em todas as Sagradas Escrituras, recebe esse nome, que pode significar ''abraçado'', ''abraço'' ou abraço amoroso''.
Segundo especialistas, seu nome deriva provavelmente de um vocábulo assírio usado para designar uma planta (hambakuku) e cujo significado pode ser simplesmente ''vegetal''. Na Septuaginta, seu nome é Ambakoum. Jerônimo, no quinto século d.C., afirmou que o nome do profeta deriva de uma raiz hebraica cujo significado era ''segurar'', e que recebera esse nome ou por causa do seu amor a Deus ou por que lutara com Ele.
Uma tradição dos rabinos liga o nome do profeta a 2 Reis 4.16, fazendo - o filho da sunamita (''Disse - lhe o profeta: por este tempo, daqui a um ano, abraçarás um filho...). Outros escritores rabínicos o identificam como o atalaia de Isaías 21.6 e asseguram ser ele da tribo de Levi. Já algumas obras apócrifas dizem que Habacuque pertencia a tribo de Simeão e que nascera em Baitzocar de onde fugiu para Ostrarine, na Arábia, durante durante o ataque de Nabucodonosor a Jerusalém. 
Eusébio de Cesareia declara, em seu relato sobre a história da igreja, que existia em Ceila, na Palestina, um suposto tumulo do profeta. Há ainda a lenda apócrifa de Bel e o Dragão, onde Habacuque aparece sendo levado pelos cabelos até Daniel, salvando - o pela segunda vez da cova dos leões.
Apesar de tudo isso ser fantasioso ou no mínimo duvidoso, há algo concreto que podemos extrair daí, e que é a segunda informação sólida que temos  sobre Habacuque. Todas essas lendas apontam para o mesmo período histórico, corroborando o que se pode discernir do contexto de seu livro: ele ministrou no sétimo século antes de Cristo. 
A terceira informação que podemos inferir sobre a vida desse homem de Deus é que, por se apresentar diretamente com profeta (Hc 1.1), ele era possivelmente membro de alguma Casa ou Escola de Profetas. Essa essa instituição funcionava como seminário e, além de ensinar, arquivava fatos importantes da vida da nação Israelita.
Em outras palavras, além de ter o dom da profecia nos moldes veterotestamentário, tudo indica que Habacuque era um profeta profissional, isto é, uma pessoa preparada para exercer a função profética, diferentemente de boa parte dos profetas canônicos.
Os profetas canônicos são aqueles cujos livros entraram no cânone bíblico. Provavelmente poucos eram discípulos da Escola de Profetas, ou seja, profetas profissionais. Ao que parece, a maioria era de casos parecidos com o de Amós (Am 7.14,15). Habacuque seria uma das exceções. 
No entanto, a quarta informação cimentada que temos sobre esse homem de Deus nos leva mais além: Habacuque era muito mais que um profeta profissional. O final de seu livro deixa claro que, de alguma forma,
ele era também habilitado oficialmente  a participar da liturgia do Templo: '''... Ao mestre de música. Para instrumento de corda'' (Hc 3.19).
O termo traduzido no texto citado como ''instrumento de corda'' é neginoth, que tem em si a ideia de tanger um instrumento. Ora, os Salmos não eram apenas cantados, também eram entoados. Por isso seus compositores costumavam fornecer, juntamente com suas composições, algumas informações, tais como o instrumento adequado ao cântico, o tom que ele deveria ser tocado as vezes e, ás vezes a voz mais apropriada. 
Podemos ver isso nas epígrafes dos salmos 4,5,6,8,9,12,22,45,46,53-62,67,69,75,76,80,81,84,88, etc. O Salmo 46, por exemplo,de autoria 
dos filhos de Coré, deveria ser chamado de voz de soprano; e o 6, de Davi, com instrumento de corda em tom de oitavo.
Esse final do livro de Habacuque mostra que capitulo 3 de seu livro é um arranjo musical feito por ele mesmo. Logo, acredita - se que ele também era um Levita. Talvez fosse membro de um grupo profissional de profetas que estavam ligados ao templo de Jerusalém, como pode ser visto em 1 Cronicas 25.1: ''Davi, juntamente com os chefes do serviço, separou para o ministério os filhos de Asafe, de Hema e de Jedutum, para profetizarem com harpas, alaúdes e címbalos'' (ARA).
O texto de 1 Cronicas fala claramente que os cânticos a Deus composto por aqueles homens separados por Davi eram considerados profecias. Isso é comprovado de maneira marcante em muitas passagens das Sagradas Escrituras, visto que muitos dos cânticos bíblicos são de natureza profética ou de autoria de profetas, como os Salmos de Moisés e Davi.
Sem sombra de dúvida, Habacuque é um dos mais singulares profeta de toda a Bíblia. Como profeta discípulo da casa dos Profetas, compositor e adorador, distinguiu - se dos demais Profetas Menores. E sua distinção se sobressai nas páginas de seu livro. 

Enquanto Jeremias 
preocupava -se mais com 
a falta de arrependimento 
do povo,Habacuque,
desiludido, preocupava - se 
com a aparente relutância 
de Deus em julgar.

Estilo Marcante

O livro de Habacuque é tanto vigoroso como comovente. O autor usa ilustrações e comparações cheias de vida (Hc 1.8,11,14,15; 2.5,11,14,16,17; 3.6,8-11). Podemos identificar na obra pelo menos três estilos literários: o diálogo entre o homem e Deus, como vemos em algumas porções do livro de Jó, o que faz lembrar uma espécie de diário (Hc 1.1-2.5); um conteúdo semelhante ao dos demais livros proféticos do Antigo Testamento, na passagem dos cinco ''ais'' (Hc 2.6-20); e uma parte poética, semelhante aos salmos (Hc 3).
De forma geral, podemos definir esse livro salientando apenas qualquer um dos seus três estilos. Assim, podemos dizer tanto que ele é um diálogo quanto uma profecia ou um poema. O livro destaca a grandeza e a excelência de Deus sobre todas as nações (Hc 2.20; 3.6,12), enfatizando a soberania divina na existência. E destaca com a mesma intensidade a fé (2.4) e a exaltação ao Senhor (3.18,19).

Contexto Histórico, Moral e Espiritual

Os tempos de Habacuque eram críticos. As suas apreensões se justificam plenamente pelo contexto político e espiritual de seu tempo.
Conquanto as datas sugeridas para a profecia de Habacuque vão desde 650 a 330 a.C., a maioria dos estudiosos bíblicos está convencida de que a mais provável é a que se situa entre 609 a.C., no fim do reinado de Josias, e 605 a.C. Por que?
Há apenas três referência histórica em todo o livro de Habacuque.
A primeira se encontra na declaração ''Deus está no seu santo templo'' (2.20) e a segunda, na nota ao final do livro - ''Ao mestre de música. Para instrumento de corda'' (3.19). Esses dois textos indicam que o autor profetizou antes de o Templo construído por Salomão em Jerusalém ser destruído em 607 a.C.
Em Habacuque 1.6 temos a outra referência histórica. O texto fala da iminência de um ataque dos dos caldeus, uma tribo semita que ocupava a região entre a Babilônia e o Golfo Pérsico, sendo por isso denominados babilônios. Posto isso, para chegarmos a data considerada a mais provável, basta considerarmos três fatos: em primeiro lugar, uma possível ameaça babilônica só se tornaria evidente após a destruição de Nínive em 612 a.C.; em segundo lugar, devemos considerar que Josias, que reinou de 639 a 609 a.C., havia sido um bom rei e simpatizava politicamente com os babilônios, tanto que se levantou contra Faraó Neco para estorvá -lo na batalha contra o exército babilônio. Ora, se Habacuque se mostrou surpreso ao saber que Deus escolhera os caldeu para castigarem a desobediente Judá, temo um sinal de que o profeta escreveu seu livro no fim do reinado de Josias.

Os tempo de Habacuque
eram críticos. 
As suas apreensões
se justificam plenamente
pelo contexto político 
e espiritual de seu tempo.

Judá, nos tempos de Josias, simpatizavam com os caldeus. Eles eram vistos, de certa forma, como aliados. Mas, em terceiro lugar, o último detalhe histórico que reforça a possível data é que os primeiros prisioneiro dos babilônios (inclusive Daniel e seus amigos) só foram levados depois da batalha de Carquemis, em 605 a.C.
Nabucodonosor vai até o Egito e, retornando, invade Judá. A segunda invasão de Judá só se deu em 597 a.C. O chamado cativeiro babilônio inicia oficialmente em 587 a.C. Ora, Habacuque só admitiu plenamente os caldeus como uma ameaça a Judá depois da réplica de Deus (Hc 1.5-2.1). Logo, a data mais provável é entre 609 a 605 a.C., pois os caldeus já eram vistos como um exército muito poderoso, mas ainda não avia ameaçado Judá.
Em síntese, esse é o contexto político dos tempos de Habacuque: a Assíria havia derrotado o Reino do Norte e estabelecido o cativeiro. A conquista de Judá parecia uma questão de tempo. No entanto, surge uma nova potência mundial, que se move arrastando o que á em eu caminho, como correnteza impossível de ser represada. São os caldeus. Em pouco tempo, eles sublevaram - se contra os assírios e os esmagaram em confrontos sistemáticos e sucessivos. Em um primeiro momento, Judá e alegra, mas o tiro sai pela culatra.
Outro ponto importante é o contexto moral e espiritual da época de Habacuque. Josias, que governou o Reino do Sul de 639 a 609 a.C., era neto de Manassés, possivelmente o rei mais impio de toda a história de Judá. Há quem sustente, concordando com a tradição rabínica, que Habacuque já profetizara mais cedo, durante o reinado de Manassés.
Segundo a tradição judaica, ele teria sido um dos profetas aludidos em 2 Reis 21.10 e 2 Crônicas 33.10. De qualquer forma, Josias e Manassés são, sem dúvida, os reis cujas atividades mais marcaram o contexto espiritual
e moral da geração do profeta. Manassés expandiu o paganismo em sua nação, depois ele mesmo se entregou ao culto pagão, abraçando a magia negra do Oriente, tendo até queimado seus filhos como sacrifício. Era agoureiro e tratava com médiuns e feiticeiros (2Cr 33.1-10). Amom, filho de Manassés, seguiu bem os passos maus do pai (2Rs 21.19-26; 2Cr 33.21-25). Seu filho Josias, no entanto, voltou - se para Deus. Aos 20 anos, Josias começou fazer suas primeiras reformas (2Cr 34.3). Aos 26 anos (2Cr 34.8), com a descoberta do livro da Lei, o rei impulsionou suas reformas, as maiores que o Reino do Sul já experimentara. Como contemporâneo de Josias, Habacuque certamente se deixou levar pelo fervor que as reformas inspiravam. Ele acreditou que  finalmente a justiça e a confiança no Deus vivo e verdadeiro haveriam de prevalecer em Judá. Um bom sinal disso era que a Assíria, diante dos ataques caldeus, começava a perder sua força. Porém, de repente, morre Josias. Joacaz, seu filho, assume o trono, mas só reina por três meses. Faraó Neco bem da campanha em Carquemis, depõe Joacaz e coloca seu irmão, Jeoaquim (ou Eliaquim), em seu ligar. Judá começa agora a pagar tributo ao Egito. E pior: a impiedade volta a reinar.
As reformas aviam tido um resultado superficial. Não atingiram em cheio o coração do povo que, mal entrará eu bom rei, já se entregava de novo ao paganismo. Habacuque fica indignado. O impacto é muito forte. Os fatos desiludem o profeta, traumatizam - no, fragilizam sua esperança.
Habacuque está abalado. Desmancha - se em lamentos. Resolve, então, clamar ao Senhor e o faz desesperadamente. Mas o céu parece de bronze.
A oração de 
Habacuque tinha 
a finalidade 
de consolar e
fortalecer a fé do
povo durante o 
exílio.

O profeta - levita está perturbado por causa da impiedade de Judá.
Entretanto, enquanto o coevo Jeremias preocupa - e mais com a falta de arrependimento do povo, Habacuque, desiludido, preocupa - se com a aparente relutância de Deus em julgar. Violência e desconsideração para com a Lei de Deus campeiam incontida mente (Hc 1.2-4). O profeta clama, mas Deus parece mudo, ditante e insensível ao que está acontecendo.

O Primeiro Enigma e a Resposta de Deus (Hc 1.1-11)              
         
  Apesar da insistência do profeta, Deus parece não e mover. Essa indiferença o desnorteia. Deus o permite ver a desgraça de seu povo e se esquiva de agir. Por que?
''Até quando, Senhor, clamarei eu, e tu não me escutarás? [...] Por que razão me fazes ver a iniquidade e ver a vexação?'' (Hc 1.2,3). Esse é o primeiro grande enigma de Habacuque: o silêncio de Deus. Mas a pergunta do profeta não permaneceu sem resposta.
A resposta de Deus ao profeta expressa um dos grandes princípios bíblicos acerca da oração e do relacionamento com Deus: embora algumas vezes pareça que Deus mantém silêncio e é indiferente, deixando o pior acontecer, na verdade Ele está e sempre esteve agindo. A resposta de Deus a Habacuque é que havia um instrumento em suas mãos que já estava em ação e breve seria usado como forma de Juízo sobre Judá: os caldeus. Eles invadiriam Judá e a subjugariam. Os ex - vassalados da Assíria seriam a mais nova potência mundial (Hc 1.5-11). É importante salientar, contudo, que os caldeus não seriam apenas o instrumento divino para julgar o judeus.
Por intermédio deles, Deus também pretendia executar seu juízo sobre todas as nações que dEle haviam se esquecido (1.6,10).
O Segundo Enigma e a Resposta de Deus 

Depois de ouvir a resposta divina, Habacuque fica perplexo. Um povo mais impio do que Israel estaria sendo uado por Deus como instrumento de juízo, e isso obviamente o perturbava. Sua reação foi absolutamente natural: perguntou ao Senhor como poderia ser isso e por quanto tempo os babilônios, após suas conquistas, continuariam dominando (Hc 1.12-17). Deus, então, responde a Habacuque, dizendo que o soberbo perecerá (como os versículos 5 a 20 do capitulo 2 descrevem enquanto o justo, por sua vez, viverá (2.4). É importante dizer que o soberbo, nessa passagem, não é apenas o caldeu, mas também os ímpios de Judá, que perecerão no ataque babilônico. Por que Deus é anto e justo, o caldeus serão castigados a seu turno. Por que Deus é santo e juto, os ímpios de Judá também serão castigados, e primeiro do que os caldeus. Além de estar dizendo claramente que os justos de Judá, apesar do sofrimento pelo qual passarão no ataque caldeu, serão poupados (como aconteceu com Jeremias, Daniel e tantos outros), o Senhor mostra ao profeta que sua compreensão concernente á vida espiritual ainda era superficial. Ainda faltava a Habacuque considerar alguns aspectos essenciais da vida com Deus. Sua teologia ainda ignorava nuanças vitais, e que agora são sintetizadas para o profeta em uma única frase: ''O justo viverá pela sua fé''.
O justo não vive pelo que vê, sente, percebe, imagina ou pensa, mas pela fé. ''Por que andamos por fé e não por vista'' (2Cr 5.7). Não que essas coisas não sirvam, vez por outra, para alimentar nossa fé, mas não pode ser consideradas fundamento para ela. Nossa fé está fundamentada no próprio Deus, em sua palavra. O justo está baseado nela.
Sua sobrevivência e êxito dependem da palavra de Deus (Sl 1.1-3). Jesus deixou isso bem clarificado em seu Sermão da Montanha, na metáfora das casas edificadas sobre a areia e a rocha (Mt 7.24-27).
Em outras palavras, nenhuma adversidade, por mais intensa e intransigente que seja, é eficiente o bastante para desestruturar a vida daquele que vive sinceramente pela fé. Se a vida do servo de Deus tem por fundamento qualquer coisa que não seja a verdadeira fé, ela ela desmorona já na primeira intempérie.

Salmo do Profeta - Levita

O terceiro capítulo de Habacuque traz em si peculiaridades marcantes e extremamente singulares. A primeira encontramos logo no primeiro versículo desse capítulo: ''Oração do profeta Habacuque sob a forma de canto'' (Hc 3.1).
Está é uma ''oração do profeta''. Normalmente, o ministério profético é diferenciado do sacerdotal da seguinte forma: enquanto o sacerdote apresenta diante de Deus as suas causas humanas, o profeta faz caminho inverso, entregando ao povo aquilo que recebeu do próprio Deus. Assim, o ministério sacerdotal é intercessório, enquanto o profético é caracterizado pela transmissão da orientação divina ao povo. O dois era bem definidos e e completavam.
No entanto, na primeira grande marca desse capítulo de peroração, lemos que Habacuque, apesar de ser profeta, exerceu um ministério intercessório. Ele não apenas profetizou, ma também intercedeu fervorosamente pelo seu povo.
Em segundo lugar, o capítulo 3 do livro do profeta - levita é uma oração, mas também é um cântico. Ou melhor: é uma oração cantada. Como levita que era, Habacuque sabia da importância do louvor e, nesse caso, sob a inspiração divina, preferiu orar a Deus em forma de cântico.
Qual o objetivo do profeta em registrar essa oração para o seu povo?
João Calvino expôs muito bem o porquê:

Não dúvida de que profeta ditou essa forma de oração para o seu povo
antes de este ser conduzido para o exílio [...] O profeta, aqui, colocava diante deles as matérias da fé e estimulava - os a orar, e nós sabemos que nossa fé não pode ser fortalecida em um caminho melhor do que através do execício da oração [...] Ele levantava sua própria oração, mas não de forma privativa, só para ele mesmo ou como algo composto apenas para si; sua oração deveria ter alguma autoridade entre o povo [...]  uma forma de oração ditada para eles pela boca do profeta, como o próprio Espirito mostrando - lhes como deveria orar [...] O Espírito Santo, através do profeta, estava guiando - os e ensinando.
       
Sem dúvida, a oração de Habacuque tinha a finalidade de consolar e fortalecer a fé do seu povo no exílio, e ela também apresenta, justamente por isso, um valor didático. O povo deveria lembrar - se dessa prece como um padrão a ser seguido. O judeus precisavam orar a Deus durante o período de cativeiro da mesma forma que o profeta, isto é, com o mesmo propósito, sentimento e fé.
Que possamo seguir eu exemplo, levantando nossa voz não apenas para transmitir a verdade divina, mas também para clamarmos em favor dos que ouvem a mensagem de Deus.




quarta-feira, 3 de julho de 2013

Estudo Bíblico; Livro de Joel...

JOEL

O DERRAMAMENTO DO ESPIRITO SANTO
Há muitas opiniões sobre quando viveu o profeta Joel. Alguns acham que ele foi contemporâneo do profeta Amós, dentre eles o célebre fundador do metodismo, John Wesley (1703 - 1791).
em suas anotações, Wesley conclui que uma que ''Joel fala dos mesmos julgamentos de que fala Amós, logo é provável que eles apareceram quase ao mesmo tempo: Amós em Israel, e Joel em Judá. Amós profetizou nos dias de Jeroboão II (Am 7.10)''.
Outro, porém, como o teólogo John Gill, lembram que ''alguns dos escritores judeus, como Jarchi, Kimchi e Abendana, fazem Joel contemporâneo de Eliseu, e dizem que ele profetizou durante o reinado Jeorão, filho de Acabe, quando a fome do sete anos veio sobre a terra (2Rs 8)''.
Gill evoca ainda que há quem ponha Joel como contemporâneo dos reis Ezequias e Manassés. Finalmente, existe a hipótese de que profetizou após os exilados terem voltado a Jerusalém, o que colocaria o profeta por volta de 510 a.C. a 400 a.C. Todavia, antes de apontar a época mais provável do desenvolvimento do seu ministério, há de se destacar que, indubitavelmente, Joel foi profeta do reino de Judá, por pelo menos duas razões: primeiro, não há nenhuma menção a Israel - isto é, ao Reino do Norte - na profecia de Joel, mas apenas ao futuro de Judá e Jerusalém; e segundo, como destacam os teólogos Jamieson, Fausset  e Brown, ''[Joel] fala de Jerusalém, do templo, dos sacerdotes e das cerimônias como se fosse intimamente familiarizado com eles (Joel 1.14; 2.1, 15, 32; 3.1, 2, 6, 16, 17, 20, 21)''. Logo, não há duvida de que ele pertencia ao Reino do Sul. Quando á autenticidade desse livro, sempre foi aceita pelos Judeus e é confirmada no Novo Testamento por dois apóstolo: Pedro (At 2.16-20) e Paulo (Rm 10.13; Jl 2.32).
Em relação ao período exato de seu ministério profético, o mais provável, e mais aceito pelos especialistas, é que ''suas profecias foram entregues nos primeiros dias de Joás, pois não nenhuma referência á Babilônia, á Assíria ou mesmo á invasão da Síria, e os únicos inimigos mencionados são os filisteus, os fenícios, os egípcios e os edomitas (Jln 3.4,19). Se ele tivesse vivido após Joás, sem dúvida teria mencionado os sírios entre os inimigos que inúmera, uma vez que eles tomaram Jerusalém e levaram imenso espólio de Damasco (2Cr 24.23,24).
A idolatria também não é mencionada, e os serviços do Templo, o sacerdócio e outras instituições da teocracia são representados como florescente. Tudo isso aponta para o estado de coias sob o sumo sacerdócio de Joiada, pelo qual Joás tinha sido colocado no trono e que viveu no primeiro anos de Joás (2Rs 11.17, 18; 12.2-16; 2Cr 24.4-14).''.
Portanto, todas as evidências apontam para Joel, filho de Petuel (Jl 1.1), profetizando por volta de 835 a.C. a 830 a.C. ,período do primeiros anos do reinado do jovem rei Joás, que subiu ao trono ao sete 7 anos (1Rs 11.21).Talvez seu ministério tenha sido perdurado durante todo o  reinado de Joás, que se estendeu de 835 a.C. a 796 a.C., mas o livro de sua profecia compreende apenas o período inicial daquele reinado. Outro fato que podemos depreender sobre ele é que Joel nasceu de uma família de fervorosos adoradores de Jeová, já que o seu nome significa ''O SENHOR É DEUS''.    

ENTENDENDO AS PROFECIAS DE JOEL

O livro do Profeta Joel é sobre tudo escatológico. O primeiro capítulo descreve a desolação causada em Judá por uma invasão de gafanhotos - um dos instrumentos do juízo divino mencionado por Moisés em sua profecia (Dt 28.38,39) e por Salomão em sua oração (1Rs 8.37), e que já havia sido usado por Deus contra o Egito (Êx 10.12-20). Nos capítulos seguintes, há também promessas de benção em foco, mas o tema principal continua sendo o juízo divino, sendo que agora em um futuro ainda mais adiante.
Isto é, a principal mensagem de Joel é que Deus julga, e essa mensagem da realidade do juízo divino, conforme orientação do profeta ao povo, não deveria ser esquecida. Mas recontada as gerações seguintes (Jl 1.3). Não é á toa que Deus permitiu que essa obra inspirada pelo Espírito Santo ficasse para a posteridade, para que sua menagem nunca fosse olivada e pudesse reverberar durante séculos, despertando vidas.
O ''Dia do Senhor'' é a expressão - chave desse livro. Ela aparece pela primeira vez no versículo 15 do primeiro capitulo. Tal expressão se refere tanto ao julgamento divino de forma geral - sendo, nesse caso, usada para se referir a um julgamento específico que poderia ser tomado como símbolo do Julgamento Final - como também, e na maioria das vezes, ao Juízo do Fim dos Tempos, quando toda impiedade será julgada pelo Senhor. Este último e mais recorrente sentido é explorado a partir do capitulo 2 de Joel, quando o profeta faz claramente referência a acontecimentos que se darão em um futuro mais distante.
A descrição do cenário decorrente do julgamento dos gafanhotos é terrificante (Jl 1.10-12;15-20). Por isso, há até quem acredite que essa profecia inicial de Joel sobre essa desolação não está se referindo a uma praga literal, mas uma nação que se levantaria contra Judá para destruí - la por causa de seus pecados (Jl 1.6), o que realmente aconteceria tempos depois. Porém, não parece prudente essa interpretação á luz do próprio texto. O que parece mais claro e coerente é que Joel alude a uma praga de gafanhotos mesmo, só que, na sequência, usa esse acontecimento como gancho e símbolo para um castigo que ocorrerá ainda mais á frente sobre Judá e, por extensão, também como símbolo do Dia do Juízo de Deus no fim dos tempos. Como sublinha o teólogo judeu pentecostal Myer Pearlman, 


''o profeta vê nesta calamidade uma visitação do Senhor e se refere a ela como
um tipo de castigo final do mundo - o Dia do Senhor (Jl 1.15). Como
muitos outros profetas, Joel predisse o futuro á luz do tempo presente,
considerando um acontecimento presente e iminente como símbolo de um 
acontecimento futuro. Por isso ele vê na invasão dos gafanhotos um indício da 
invasão vindoura do exército assírio (Jl 2.1-27 c/c Is 36 e 37). Projetando a sua 
visão ainda mais para o futuro adentro, vê a também invasão final da Palestina 
pelos exércitos confederados do anticristo''.

Sendo assim, podemos dividir a profecia de Joel em pelo menos três partes: 
um juízo imediato (Jl 1), um juízo iminente (Jl 2.1 - 27) e o Juízo futuro (Jl 2.28-3.21).


O JUÍZO IMEDIATO: A DESOLAÇÃO CAUSADA 
PELA INVASÃO 
DE GAFANHOTOS (Jl 1.2-12,15-20)

Para entendermos melhor os terríveis efeitos que essa praga de gafanhotos teve sobre Judá, basta analisarmos a ocorrência desse tipo de Juízo divino sobre o Egito. A Bíblia diz que a praga dos gafanhotos afetou grandemente o Egito (Êx 10.1-19), de tal maneira que Faraó chamou - a de ''está morte'' (Êx 10.17).

Acerca da manifestação da praga sobre Judá, alguns expositores bíblico acreditam
que a lagarta, o gafanhoto, a locusta e o pulgão citado no texto (Jl 1.4) ''provavelmente 
não era quatro tipos diferentes de insetos, mas quatro estágios no crescimento do gafanhoto''.

Já outros preferem crer que a referência seja a insetos distintos mesmo. Sabe - se que a locusta é um gafanhoto de antenas curtas, e o pulgão, um inseto menor, que se parece com um gafanhoto, sendo que arredondado e sugador. Já a lagarta é o estágio larval dos insetos.
Os que creem que se trata de fases diferentes de um mesmo inseto lembram
que o vocábulo traduzido como ''lagarta'' é, no hebraico, ''gãzãm'', 
que significa ''devorador'' e era usado para se referir também a gafanhotos
migradores e cortadores de forma geral; o vocábulo traduzido como ''gafanhoto'' é '
'arbeh'', que se refere a um gafanhoto maior, de aumento rápido; o vocábulo
traduzido como ''locusta'' é ''yeleq'', que era usado para se referir também a 
um ''gafanhoto jovem''; e o vocábulo traduzido como ''pulgão'' é ''hãsil'', que 
quer dizer  ''assolador'' e era usado também para designar gafanhotos, além de larvas e lagartas.

Joel começa falando de 
destruição e termina 
falando de restauração,
e sua mensagem ao final é  
que a última palavra na
história pertence a Deus.

O texto bíblico enfatiza que esses insetos consumiriam tudo o que era comestível naquela terra. Eram gafanhotos do deserto, ''um tipo de inseto ortóptero que destruiu a Palestina em 1915 d.C.

 Eles representam uma metamorfose inexplicável dos gafanhotos á 
sua forma de locusta. Além disso, quando a densidade alcança 
determinado nível, um enxame desses insetos devorará 
qualquer planta que esteja no seu caminho''.

PRIMEIRA EXORTAÇÃO AO 
ARREPENDIMENTO (Jl 1.13,14)

Nos versículos 13 e 14, Joel conclama os sacerdotes do Senhor ao arrependimento. O texto fala de clamor, pranto, pano de saco e jejum. No Antigo Testamento, é comum vermos jejuns serem apregoados em períodos de calamidade ou de iminência de calamidades (2Cr 20.3; Et 4.16). Aplicando essa mensagem aos nossos dias, Donald Stamps diz com razão que mesmo que hoje

''o povo de Deus não experimente pragas literais de gafanhotos, é provável
que veja suas congregações devastadas por aflições, pecados e doenças que 
angustiam famílias inteiras'', e ''o conselho bíblico para resolver tais impasses 
é que os pastores e leigos reconheçam igualmente, com a máxima urgência, a 
necessidade de ajuda, podre e bênção de Deus. Devem voltar - se a Ele com a sinceridade, intensidade, arrependimento e intercessão descrito por Joel (Jl 1.13,14;2.12-17)''.

Só há restauração e avivamento aonde há genuíno arrependimento.

Um Juízo Imediato e ainda Maior, a Verdadeira Conversão e a Promessa de Fartura (Jl 2.1-20)

No segundo capitulo de Joel, o profeta trata esse exercito de gafanhotos do capitulo 1 como um símbolo e precursor de um flagelo ainda mais terrível. A Palavra do Senhor a Joel é que, no futuro, haveria uma desolação que envolveria toda a Terra. Ou seja, o pranto pelo juízo dos gafanhotos apenas prefigurava um pranto ainda maior decorrente de uma desolação muito maior.
Joel começa falando de uma invasão militar que Judá também sofreria (Jl 2.2-4) para, mais á frente, ainda no capitulo 2, aludir ao Dia do Senhor em sua acepção absolutamente escatológica. Tudo indica que os exércitos do ''Norte'' (Jl 2.20) são uma referência aos exércitos da Assíria e Babilônia. Aqui, Deus conclama mais uma vez o povo ao arrependimento - mas a um arrependimento realmente sincero, verdadeiro, genuíno, autêntico (Jl 2.12, 13).
Deus diz ao povo que estava cansado de seu ritual de vestir pano de saco em jejum depois de rasgar as vestes, porque esses atos já não eram acompanhado com um real propósito de mudar, não eram realizados como exteriorização de um genuíno arrependimento (Jl 2.13). Não bastava rasgarem suas vestes se antes não estavam rasgando os seus corações diante dEle. Ou seja, nessa passagem, Deus está afirmando que penitência externa não muda nada. É preciso um coração realmente rasgado diante do Senhor para que Ele se volte para seu povo com perdão, restauração e bênçãos (Jl 2.14)
Nessa seção do livro, mais uma vez vemos os ministros de Deus, os sacerdotes do Senhor, sendo conclamado a liderar esse jejum e também se derramarem diante de Deus (Jl 2.15-17). O resultado será Deus libertar o seu povo e o retorno das chuvas temporã e seródia-isto é, as primeiras chuvas, que favorecem o plantio, e as últimas, que lhe garantem o sucesso ao final-para fertilizar as terras desoladas. E, por fim, há a promessa de derramamento espiritual, além do juízo de Deus sobre os inimigos de Judá, ao passo que Judá será estabelecida para sempre (Jl 2.18-27).
Um contraste é também ressaltado: o medo perturbador  (Jl 2.1) é substituída por uma grande alegria pela intervenção divina em resposta ao arrependimento do seu povo (Jl 2.21,23).
Note que é dito mais uma vez no capitulo 2 que o povo nunca mais seria envergonhado (Jl 2.26,27), mas, claro, essa bênção é condicionada ao arrependimento sincero a á permanência á obediência a Deus. O povo judeu nunca mais passará por dificuldades e aflições somente após o retorno de Cristo (Zc 14.9-11; Ap 21).

O DERRAMAMENTO DO 
ESPÍRITO SANTO (Jl 2.28-32)

A passagem do livro de Joel citada pelo apóstolo Pedro no Dia de Pentecostes, conforme Atos 2.16-21, é puramente escatológica. A expressão ''Dia do Senhor'' mencionada em Joel 2.31 é, como se vê pelo contexto imediato (Jl 2.28-31), uma referência ao Julgamento das Nações, ao Juízo Final de Deus sobre todos os povos. E um dos sinais da proximidade do Fim dos Tempos seria, segundo a profecia de Joel, o Derramamento do Espírito Santo ''sobre toda carne''(Jl 2.28).
Essa promessa, conforme as próprias palavras de Pedro, começou a ser cumprida a partir daquele dia especial para a Igreja em Jerusalém (At 2.16), e seu cumprimento tem se estendido até os nossos dias. Entretanto, o cumprimento total dessa promessa (''sobre toda a carne'') só se dará quando do retorno de Cristo. 

É importante frisar ainda que muitas outras passagens do Antigo Testamento
aludem a esse Derramamento do Espírito Santo, tais como Isaías 32.15-17 e 
Ezequiel 11.19,20. E o profeta Joel afirma, inspirado pelo Espírito Santo, 
que um dos resultados marcantes do Derramamento do Espírito nos últimos
dias é a distribuição dos dons espirituais Como lembra Stamps, a manifestação
dos dons evidencia a manifestação do Espirito Santo na Igreja e, consequentemente,
a presença de Deus no meio do seu povo (Co 14.24,25).

Algo a se enfocar aqui ainda é que pessoas de todas as nações, de todos os sexos, de todas as faixas etárias e de todas as condições sociais seriam alcançadas pelo Derramamento do Espírito Santo. Joel fala de homens e mulheres, velhos e jovens, servos e livres - todos teriam a bênção do Espírito a seu alcance se voltassem suas vidas totalmente para Deus (Jl 2.28,29,32).

O JULGAMENTO 
DAS NAÇÕES (Jl 3.1-21)

O capítulo 3 de Joel dedica - se a descrever a restauração final de Israel e o Julgamento das Nações, dois eventos que se darão no Final dos Tempos. Duas verdades muito claras e enfatizadas nessa passagem bíblica são que as nações serão julgadas pela sua impiedade e que esse julgamento incluirá também como critério a forma como as nações trataram Israel (Jl 3.2,3).
No caso específico do castigo divino sobre Tiro e Sidom, mencionado nos versículos 4 a 8, acredita - se que ele tenha ocorrido, pelo menos parcialmente, na quarto século a.C., quando as duas principais cidades da Fenícia, localizadas ao Noroeste de Israel, foram subjugadas pelo conquistador Alexandre, o Grande, e, pouco tempo depois, por Antíoco III. Esse castigo, aliás, fora predito também pelos profetas Amós (Am 1.910), Ezequiel (Ez 26-28) e Isaías (Is 23). Nos versículos 17 a 21, segue a descrição da restauração de Israel.
Enfim, a grande lição desse capítulo é que Deus é o Senhor da História.
O livro de Joel começa falando de destruição e termina falando de restauração; inicia com juízo e conclui com a bênção de Deus. A sua mensagem final é que a última palavra na história das nações pertence a Deus; que quem determina o destino final das nações não são os chamados grandes líderes mundiais, mas o Senhor do Universo.
E, no final, o mal perecerá e o bem triunfará. Por que Deus está no controle de tudo. 

Que Deus abençoe a vida de cade leitor!!!